Eu adoro a internet e odeio as políticas de distribuição de filmes no Brasil. Na internet você encontra o filme meses antes de ser lançado, mesmo que seja filmado do cinema americano. Antigamente, era normal esse tempo entre o lançamento no país de origem e aqui. Demorava-se mais para legendar os filmes ou dublá-los. Hoje, as distribuidoras brasileiras recebem o filme antes de ser lançado lá, para o processo todo correr e conseguirem lançar no mesmo dia, as famosas estréias mundiais. Não é o caso de A FERA. O filme estreou nos EUA dia 4 de Março de 2011. Se você olhar nesta lista do IMDB, o Brasil está sendo o último país a lançar este filme, apenas dia 9 de Dezembro. A distribuidora certamente vai perder muito com isso, já que em grande parte do mundo o filme já foi lançado em dvd e blu-ray. Logo, os sites de pirataria postam o filme em alta qualidade para download e todo mundo assiste antes mesmo do filme chegar aos cinemas, afastando o público de uma boa arrecadação no nosso país. Eu sou um deles...
Kyle é um garoto muito atraente, porém arrogante, egoísta, mimado e cheio de si. Na escola é o popular e despreza a feiura e a burrice nas pessoas. Em uma competição estudantil, Kyle mexe com os nervos de Kendra, uma garota estranha e misteriosa, que sem o seu conhecimento, é uma feiticeira. Kendra lança uma maldição em Kyle, tornando o garoto numa figura medonha e apavorante. Agora, para quebrar o feitiço, Kyle precisa fazer alguém se apaixonar por ele em um ano, senão permanecerá como fera para sempre.
É a famosa versão de "A Bela e a Fera" ambientada nos tempos atuais. É uma releitura contemporânea do clássico. A aldeia francesa foi deixada de lado e em seu lugar tempos a tumultuada Nova Iorque. Mas ao contrário do que se imagina, o protagonista da vez é a Fera, e não a Bela.
A Fera/Kyle é interpretado por ALEX PETTYFER. Alex não apresenta nada de bom ao personagem nem ao filme. Sua única contribuição para o papel é a sua beleza. Na maioria das cenas ele não convence, só convence no início, quando sua única tarefa é mostrar-se um garoto arrogante. É complicado, já que o rapaz está muito bem em "Eu Sou o Número Quatro", protagonizado também por ele.
A bruxa é MARY-KATE OLSEN. A gêmea má das Olsen está de volta aos cinemas, linda, fashion e a única do trio principal realmente à vontade no papel. Mary-Kate tem esse jeito despojado que caiu bem com o personagem e, embora a moça sempre faça o papel da má ou da maluca, suas perfomances sempre são boas e divertidas. É uma pena que o romance açucarado não tenha dado mais espaço para sua personagem.
A "Bela" da vez é VANESSA HUDGENS. A tal Sandy não se liberta do High School Musical mesmo. Todos os seus trabalhos é sempre a mesma coisa. Ela continua fazendo a virgem inocente, ou sem pai ou sem mãe, com uma vida mais difícil que a de seus colegas de escola. Tudo isso torna-se ainda mais clichê quando vemos ela apaixonada na tela. Dá para imaginar o Zac Efron ali do lado dela cantando "Start of Something New"!
Dos personagens secundários, um só se salva. NEIL PATRICK HARRIS (de "How I Met Your Mother" é um dos únicos que apresentam uma boa performance. Por mais que seu personagem apareça pouco, você passa o filme todo pedindo mais. Suas quase inexistentes falas são bem construídas e jogadas da melhor maneira - mérito do ator.
Esse lance de inovar o clássico é certamente um ponto positivo do filme. No clássico, os empregados do castelo transformam-se em objetos que representavam suas funções. Aqui, os personagens perdem algo valioso - um a visão e a outra, a família - e só conseguem de volta junto com a quebra do feitiço. Até o nome da moça tem o mesmo significado. "Bela" virou "Lindy".
Apesar da releitura bacana, eu esperava mais. O trailer engana muito. É fraco, não tem profundidade emocional nenhuma. As garotinhas adolescentes histéricas, que colecionam pôsters dos novos galãs vão amar esse filme, achar lindo e incrível. A trilha sonora é descolada, os ângulos são bacanas, mas está longe de fazer o público se identificar com a história. O protagonista é rico e arrogante, vive num luxo extremo. Quando fica feio e seu pai o tranca num apartamento, o público achar que ele vai passar por uma super barra. Mas não, o garoto é preso numa mansão, com uma empregada, tudo do bom e do melhor a seu dispor e mais...não fica tão feio assim. As marcas em seu rosto parecem mais uma tatuagem psicodélica do que uma transformação monstruosa.
A direção de DANIEL BARNZ é quase um desastre. O longa tem 87 minutos e ficou pouco para o que eles deveriam ter contado da história. Tem momentos que os fatos são tão jogados que você fica imaginando o que se passou no roteiro e na cabeça do diretor. Várias vezes você percebe uma confusão nos fatos e algumas coisas ficam sem explicação no fim do filme. [SPOILER - Pai da Lindy com a Overdose...e aí? Oi?]
Enfim, é mais um daqueles que todos torcem para a vilã. Os sofredores de bullying se identificam muito com ela, pois é a única que consegue dar o merecido castigo para o atacante. E outra porque ninguém vai torcer por um casal mais manjado do que Jack e Rose né?
Tão açucarado, mas tão açucarado que até enjôa. Certamente vai ser um estouro na 'Sessão da Tarde' ou no 'Cinema em Casa'. Mas é como eu disse. O único barato do filme é ver as identificações com o clássico, tão explícitas neste filme.
A FERA
(Beastly, EUA, 2010)
Direção: Daniel Barnz
Elenco: Alex Pettyfer, Vanessa Hudgens, Mary-Kate Olsen, Neil Patrick Harris, Peter Krause, Lisa Gay Hamilton
Duração: 87 min.
Quando e Onde Assisti: 03/08/2011 - Em casa
Nota: 5,0
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