quinta-feira, 26 de maio de 2011

TINHA QUE SER VOCÊ

            Comprei este dvd há muito tempo e tive várias oportunidades de assistir, porém todas fracassadas. Ele ficou por mais de anos encostado e só agora peguei para assistir. Uma bomba. Estou profundamente arrependido de não ter visto antes, pois o filme me fez muito bem. De qualquer maneira, mostrou que existem momentos certos da vida para vermos certos filmes. Este foi o meu momento de ver esse filme, foi uma delícia.


            Tenho várias coisas a dizer sobre esse filme, mas tenho muito medo de tornar tudo muito repetitivo, pois as sensações são todas as mesmas, mas de uma maneira diferente em cada momento do filme.

            É um drama romântico com alguns momentos divertidos. Tem como diferente a idade dos protagonistas. Não é um romance de jovens, mas que é levado como um. A ingenuidade da descoberta está presente apesar de todos os anos vividos por eles e todas as relações que já passaram.

            O filme segue com uma narrativa lenta, isso é fato, por isso o lance de termos momentos certos para cada assistirmos certos filmes. No início somos apresentados às depressões de nossos protagonistas. Suas vidas estão péssimas, nada faz sentido e eles vão afundando conforme as cenas. O protagonista Harvey está carregado de momentos constrangedores, no qual você assistindo se constrange tanto quanto ou mais que todos os personagens que participam da cena. Do conflito dele: ele é um americano que almejava ser pianista de jazz e acabou sendo compositor de jingles para comerciais de tv. Sua filha vai se casar em Londres e escolheu o padrasto para levá-la ao altar. Já a protagonista Kate é responsável pela maior parte dos momentos divertidos do filme, apesar de toda melancolia por trás de seu emocional. Do conflito dela: ela é uma londrina quarentona solteirona muito ligada à mãe, que não pára de ligar para a filha nem por um segundo. Ela trabalha numa companhia aérea e traz consigo um auto-bloqueio para novos relacionamentos.

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            O momento em que esses personagens se encontram é uma mistura da virtude dos dois. É um momento constrangedor e divertido. Rapidamente nasce uma forte amizade com um clima de estranheza, já que eles se conheceram há pouco tempo e já passam muito tempo juntos. É uma relação verdadeira e de ajuda mútua. É tudo tratado com muita suavidade, com uma trilha leve e uma direção regrada para o gênero.

            Temos também a super frase de efeito do filme, a "frase mestra", que é a frase que marca a desgraça do personagem, mas que depois ele usa para super isso. Aqui no caso, prestes a perder o emprego, Harvey escuta de seu sócio "Essa é sua última oportunidade", e logo após ele a usa para super isso e ir atrás do que motivou esse renascimento de felicidade. Isso não é à toa, já que o nome original do filme é "Last Chance, Harvey", mas nossa mania brasileira de contornar tudo e achar que o bom senso prevaleceu novamente fracassou.

            Identifiquei vários clichês no filme, mas nenhum deles forte o suficiente para se tornar um defeito. A maneira como tudo é apresentado é muito suave e logo vem um diálogo inteligente e interessante para afundar qualquer tentativa de desenvolvimento deste clichê. Logo, o clichê se torna o ponto inovador do filme.


            Não tenho o que falar da performance do elenco. Juntar DUSTIN HOFFMAN e EMMA THOMPSON é ter a certeza de que qualquer tipo de personagem que farão juntos será um sucesso. Eles, que já haviam trabalhado juntos em "Mais Estranho que a Ficção", estão dando um show com uma química mais do que perfeita, sem nenhum se sobressair mais do que o outro. Porém, o erro disso tudo caiu na direção. O diretor JOEL HOPKINS, que também é o autor do filme, criou muitos conflitos nas subtramas que impede que seu casal protagonista avance para o máximo da perfeição. Além disso, uma dessas subtramas não teve espaço para ser resolvida durante o filme e foi deixada para junto dos créditos. Mesmo assim Emma encanta com seu sotaque britânico deliciosamente carregado e Dustin mostra que a idade ainda o permite ser sedutor.

            TINHA QUE SER VOCÊ é um filme que merece ter uma oportunidade de ser assistido. É leve, calmo e um alívio, já que prova que toda panela tem sua tampa. Não aparece na hora nem do jeito que a gente quer, mas aparece.


TINHA QUE SER VOCÊ
(Last Chance Harvey, EUA, Inglaterra, 2009)

Direção: Joel Hopkins
Elenco: Dustin Hoffman, Emma Thompson, Eileen Atkins, Kathy Baker, Liane Balaban, James Brolin, Richard Schiff
Duração: 91 min.


Quando e Onde Assisti: 02/06/11 - Em casa
Nota: 9,0

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